Os avanços no tratamento e a importância da prevenção contra o HIV
A Aids é uma doença que gera muito receio – mesmo nos dias de hoje, após tantas décadas desde a sua descoberta e com todos os avanços da ciência. Isso porque, ainda que as pesquisas e os tratamentos para portadores do vírus tenham evoluído, a cura segue uma incógnita que tira o sono de médicos e cientistas.
Para entender a evolução da Aids e compreender as transformações a seu respeito, é preciso olhar para o histórico e atentar-se às mudanças comportamentais da sociedade diante de temas como educação sexual e a guerra às drogas.
O histórico do vírus
A ciência aponta o contato com macacos selvagens na selva africana, no início do século XX, como uma das possíveis causas de contaminação entre os humanos. Isso porque os animais portavam o vírus SIV, que ataca o sistema imunológico, e o contágio através do sangue contaminado repassou, por consequência, entre a população. Estudos apontam, ainda, que as diásporas em direção à Europa, por volta dos anos 1960, impulsionaram o que viria a ser a pandemia que devastou a população mundial cerca de vinte anos depois. O microrganismo do HIV, como o vírus passou a ser denominado pela ciência, viria a gerar um dos episódios mais tristes na história da saúde humana. Pessoas contaminadas pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, nome científico da Aids, não possuíam um sistema imunológico forte o suficiente para resistir aos impactos provocados por diversas doenças. A hemofilia, a herpes e os melanomas eram exemplos das denominadas infecções oportunistas, fatais para milhões de pessoas. Por se tratar de uma doença que se desenvolve a partir do contato com o sangue e fluídos sexuais, uma atenção redobrada para campanhas acerca da importância do uso de preservativos foi impulsionada, bem como para utilização de materiais descartáveis em drogas injetáveis. Isso porque o aumento significativo do consumo desses utensílios inadequadamente compartilhados e descartados foi um forte agente agravante da pandemia – no Brasil, a população mais pobre e a carcerária concentraram casos significativos, devido ao impacto do tráfico. A brutalidade com que a doença se alastrava entre os pacientes desafiou a medicina. A Aids era, então, um forte sinônimo de sofrimento, e o estigma de que pacientes diagnosticados com a doença recebiam uma sentença atravessou décadas.
A Aids hoje
Estudos e pesquisas médicas impulsionaram tanto uma sobrevida quanto uma convivência pacífica de pessoas portadoras do vírus, bem como desenvolveram métodos e informações pertinentes acerca da prevenção.
Durante a virada dos anos 1980 para os anos 1990, médicos descobriram que antirretrovirais inibidores de protease ajudam a diminuir o enfraquecimento do sistema imunológico. O Brasil se tornou, inclusive, referência mundial no combate à doença, graças ao mapeamento de grupos-chave, o que possibilitou maior eficiência na aplicação de exames e testes de detecção e na distribuição gratuita dos coquetéis retrovirais.
Falar da Aids hoje em dia é se deparar com dois extremos: o estereótipo da tragédia do passado e a falta de aderência a métodos de prevenção. Diferente do que foi visto há trinta anos, a Aids não é uma sentença de morte: nem todos que portam o vírus HIV, conhecidos como soropositivos, desenvolvem a doença; e aqueles que são diagnosticados adequadamente podem conviver naturalmente com os tratamentos. Afinal de contas, a taxa de mortalidade mundial sofreu uma queda significativa de 13% ao longo das últimas décadas.
No entanto, desmistificar esse arquétipo não diminui a importância de falar sobre o consumo de drogas e o uso de preservativos. A educação sexual é um dever de todos nós – das informações repassadas pela família, da abordagem educativa proporcionada pelas escolas até as campanhas governamentais e de diversas instituições sobre o uso do preservativo.
A Aids é uma doença que pode afetar qualquer um. Estudos recentes mostram um aumento preocupante de contaminação entre a população jovem. Ainda que a taxa de mortalidade não seja um dado alarmante, isso mostra um padrão comportamental que precisa ser revisto. Confiar não é sinônimo de autocuidado: é preciso colocar a própria saúde acima de qualquer cenário ou qualquer pedido que possa representar riscos.
Além disso, é preciso levar o impacto causado pela Aids como ponto de partida para debater a prevenção de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), que podem comprometer seriamente a qualidade de vida dos pacientes. Uma delas, por exemplo, é o HPV, cuja vacinação precoce em meninas ajuda a prevenir a manifestação da doença posteriormente com o início da vida sexual na juventude.
O acesso à informação e a métodos de prevenção e tratamento é função de todos nós. Informe-se sobre a importância dos preservativos, adote-os na sua rotina e espalhe essa ideia. Juntos, podemos vencer essa batalha contra a Aids!