Como aumentar a proteção contra doenças típicas de verão?
Os vírus típicos do verão trazem riscos capazes de atrapalhar as férias. De acordo com a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), as altas temperaturas associadas à umidade da estação e à falta de saneamento básico favorecem a proliferação de agentes infecciosos que causam uma série de doenças.
Nesta primeira reportagem de 2024, vamos falar de como aumentar a proteção contra doenças típicas de verão. Boa leitura!
Intoxicação alimentar e infecção gastrointestinal
Os alimentos se deterioram mais rapidamente no calor, principalmente devido à ação de toxinas e bactérias. Além disso, como o clima quente favorece os programas ao ar livre, consequentemente as pessoas consumem mais lanches e petiscos fora de casa – cujo preparo muitas vezes não conta com a higiene e as condições de armazenamento ideais. A intoxicação ocorre geralmente algumas horas após a ingestão do alimento contaminado e a infecção pode se dar em até quatro dias depois do consumo.
Os sintomas incluem vômitos, diarreia e mal-estar geral, podendo evoluir para desidratação – se não houver condições de reposição da água e dos sais minerais perdidos, particularmente quando a pessoa está vomitando muito.
Conforme a FBG, para prevenir é importante evitar comer alimentos de procedência duvidosa na rua ou na praia e dispensar o gelo fora de casa. Não guarde sobras de comida por muito tempo na geladeira, especialmente se elas ficaram à temperatura ambiente por período prolongado. É melhor congelar pequenas porções assim que a comida fica pronta e descongelar à medida que precisar utilizar, mas sem congelar de novo!
Em caso de intoxicação alimentar e infecções gastrointestinais, a orientação é procurar um pronto atendimento (se não estiver conseguindo se reidratar em casa). Caso o quadro de diarreia continue, é melhor consultar um médico de sua confiança.
Desidratação
A perda de água pelo suor é maior durante o verão. Quem não faz a reposição adequada de líquidos acaba se desidratando. O quadro atinge com mais frequência idosos, que não sentem sede, e crianças pequenas, que não sabem demonstrar que precisam se hidratar. Para completar, a exposição prolongada ao sol e a prática de exercícios físicos aumentam a transpiração do corpo.
A condição pode se manifestar com ressecamento da pele e dos lábios e também provoca prostração e sonolência, o que muitas vezes pode ser confundido com cansaço. Assim, o sono exagerado de idosos e bebês no calor inspira cuidados. Se não houver providências, a desidratação pode evoluir para o estado de coma e parada cardíaca.
A melhor forma de prevenção é se hidratar com o melhor dos líquidos: água. Também é possível variar para aumentar a aceitação, a exemplo de chás sem cafeína, isotônicos, sucos e água de coco. O melhor indicador da falta desse combustível é a cor da urina. Se estiver escura, o organismo está pedindo água. Se estiver da cor amarelo-clara, indica um corpo bem hidratado.
Cuidado ao ingerir bebidas alcoólicas, especialmente a cerveja, que parece matar a sede, mas aumenta a frequência e o volume urinário, predispondo o indivíduo à desidratação. Entre um copo e outro, beba água. Na alimentação, vale caprichar em vegetais e frutas como melancia, melão, rabanete e pepino, entre muitos outros ricos em água.
A Federação Brasileira de Gastroenterologia indica que, quando a prostração está instalada, é importante procurar um pronto atendimento para a reposição adequada de água e sais minerais. De qualquer modo, convém começar a hidratação já em casa.
Micose
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as micoses são causadas pela proliferação de fungos em lugares quentes e úmidos do corpo. Essas áreas comprometidas pelos fungos costumam coçar bastante e exibir irritação e vermelhidão, além de descamação e manchas, como perda de pigmentação da pele, conforme o tipo de micose. Nos pés, as micoses ainda produzem odor forte.
Para evitar a combinação de calor e umidade, é importante manter todas as dobras do corpo limpas e secas, evitar sapatos fechados em dias muito quentes e jamais ficar descalço em ambientes públicos. Como os fungos são facilmente transmissíveis, não use toalhas e calçados de outras pessoas e calce sandálias de borracha em vestiários e chuveiros públicos. Prefira ainda roupas leves no verão, de preferência de algodão, e troque meias e roupas íntimas todos os dias.
Caso você identifique ou desconfie de que está com micose, procure um dermatologista para que esse especialista possa fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento adequando.
Otite
A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia explica que, devido ao maior contato com a água (frequentemente no mar e na piscina), a camada de cera que protege o ouvido acaba sendo removida e deixando o canal auditivo exposto a infecções por fungos e bactérias. Esses microrganismos ainda podem penetrar na pele do ouvido externo se houver alguma lesão minúscula causada por hastes de algodão, atritos ao coçar ou secar a região e até mesmo contato com água contaminada.
As manifestações das otites incluem dor de ouvido (com ou sem secreção) e sensação de abafamento do som. Algumas vezes, também pode haver febre.
Para prevenir, deve-se secar o ouvido com uma toalha limpa e macia ao sair do mar ou da piscina. Nada de usar hastes flexíveis de algodão, uma vez que empurram a cera para dentro do canal auditivo e impedem a água acumulada de escoar, aumentando a umidade interior, sem falar que podem machucar o canal auditivo, o que amplia a vulnerabilidade a infecções. Protetores auriculares também são recomendados.
Caso esteja com otite, procure um médico de sua confiança para ter o diagnóstico correto e dar início ao tratamento adequado, pois a automedicação pode piorar o quadro.
Conjuntivite
Mesmo que tenha alta incidência durante o ano todo, no verão a conjuntivite acaba sendo mais comum por conta do uso frequente de piscinas, saunas e aparelhos de ar-condicionado, além da maior aglomeração de pessoas em praias, clubes, parques e outros locais semelhantes. Além disso, a exposição prolongada ao sol torna os olhos mais irritados e vulneráveis à ação de vírus e bactérias que, por sua vez, disseminam-se mais facilmente sob o calor e a umidade.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a infecção provoca irritação ocular, olhos vermelhos, inchaço nas pálpebras, lacrimejamento e sensação de areia nos olhos. Quando causada por bactérias, há presença de secreção espessa.
Para prevenir, a orientação é lavar as mãos com frequência, sobretudo após ter tocado em objetos de uso coletivo ou ter estado em locais públicos. Além disso, não coce os olhos nem compartilhe itens de uso pessoal, como toalhas de banho, em especial as de praia ou piscina, lenços e maquiagens, tampouco óculos, inclusive os de mergulho.
Diante de sintomas, procure um oftalmologista ou mesmo um pronto atendimento, já que a conjuntivite é altamente contagiosa. O médico precisa avaliar o quadro para determinar a origem da infecção (viral ou bacteriana) e, assim, prescrever o tratamento mais indicado.
Queimaduras de pele
A pele fica queimada pelo exagero na exposição solar, especialmente nos horários de maior incidência dos raios ultravioleta, das 10h às 16h, ou pelo uso errado do protetor solar, seja com fator de proteção solar (FPS) inadequado para o tom da pele, seja pela falta de reaplicação necessária. Além disso, há os riscos de câncer de pele no futuro, pois os estragos do sol são cumulativos e dão origem a células malignas, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Vermelhidão, dor e ardência na pele são as principais manifestações das queimaduras solares, assim como bolhas – em casos mais graves. Podem ser acompanhadas de desidratação e sinais de insolação, como dor de cabeça, tontura, enjoo, alteração nos batimentos cardíacos e até desmaios.
Em primeiro lugar, a escolha certa do FPS é vital. Pessoas de pele clara, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, devem usar no mínimo FPS 30 e passar novamente o produto sempre que entrarem na água ou transpirarem demais ou, ainda, após duas horas da aplicação. Pessoas de pele negra devem usar FPS 15 (no mínimo), tomando os mesmos cuidados com a reaplicação. O ideal é começar a tomar sol aos poucos, sempre procurando sombra no horário mais nocivo, das 10h às 16h.
Acessórios são mais do que bem-vindos: chapéu, boné, óculos escuros e camisetas de algodão e, até mesmo, aquelas com proteção solar, muito usadas por praticantes de esportes aquáticos.
Se a queimadura for simples, banhos frios e géis calmantes pós-sol podem ajudar a reduzir o incômodo, sem esquecer de ingerir bastante água para hidratar o corpo. Assim que possível, procure um dermatologista, uma vez que há cremes tópicos que ajudam a reduzir o número de células com risco de transformação maligna. Em casos mais graves, com insolação, mantenha a hidratação e procure imediatamente atendimento médico.
Arboviroses (dengue, Zika, chikungunya e febre amarela)
As chuvas de verão e o aumento da temperatura favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor dos vírus que causam dengue, infecção vírus Zika, chikungunya e até febre amarela urbana, transmitida ao ser humano pela picada da fêmea contaminada com esses agentes. Essa situação piora com o acúmulo de lixo e a falta de saneamento básico.
As informação repassadas pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) dão conta de que dengue, Zika e chikungunya apresentam manifestações bem parecidas, com febre, manchas vermelhas pelo corpo, dores musculares e articulares, coceira e dor de cabeça (entre outras). O que varia é a intensidade e a frequência dessas queixas. A febre amarela também pode ter um início parecido, assemelhando-se em particular com a dengue grave nas manifestações hemorrágicas. Porém, diferencia-se pelo potencial surgimento de icterícia (cor amarelada da pele).
A proteção é essencial! É preciso eliminar possíveis criadouros de larvas do mosquito ou qualquer lugar que possa acumular água, dentro e fora de casa. Para se proteger pessoalmente, convém aplicar repelentes na pele exposta do corpo e recorrer a inseticidas aprovados pela Agência de Vigilância Sanitária, sempre conforme as instruções dos produtos.
Ainda de acordo com a SBI, grávidas devem usar preservativo nas relações sexuais porque o vírus Zika também é transmitido sexualmente e pode contaminar o feto, causando microcefalia. Já a febre amarela pode ser prevenida por vacina, recomendada em quase todo o Brasil, exceto em alguns estados do Nordeste do Brasil.
E caso de sintomas, procure um pronto atendimento para esclarecer o quadro e receber orientação médica. É fundamental receber um diagnóstico rapidamente porque essas doenças podem trazer complicações importantes, em especial a dengue e a febre amarela.