Mães de coração

Adotar é unir mãe e filho pelos laços do coração. Laços estes que são tão fortes que mudam vidas, iluminam caminhos e transformam para sempre o destino de milhões de crianças em situação de vulnerabilidade. A adoção é mais que dar um lar, é oferecer moradia vitalícia na parte mais bonita do coração de uma mãe. É transformar e transformar-se junto. É reinventar-se como mãe. Aprender a maternidade como algo além da biologia. Afinal, para as coisas do coração, nem a ciência explica. É escolher dar amor incondicional e saber recebê-lo de volta. Adotar é empatia, é generosidade, e sobretudo, maternidade real – com problemas, alegrias e fases, como deve ser.
No Brasil, o número de crianças para adoção é alto por conta de inúmeros fatores: falta de estrutura financeira e psicológica dos pais biológicos, casos de maus tratos e crianças órfãs ou abandonadas. Para cada um desses casos tem uma mãe disposta a abrir os braços e receber um filho que, com muito amor e carinho cria vínculos tão fortes quanto uma gestação. 
Com a adoção, o afeto se torna tão grande que reverbera na saúde da mãe adotiva. Um estudo científico comprova que o corpo dessas mães começa a entender e aceitar a condição de mãe, criando estímulos psicológicos semelhantes aos das mulheres que deram  à luz. Essa é a prova de que o cuidado e o amor transformam não só a vida da criança, mas principalmente das mães. Apesar da não existência da parte biológica, como gestação e amamentação, o cérebro da mãe adotiva, com o passar do tempo, vai se comportar de maneira semelhante ao de uma mãe que deu à luz ao seu filho. 
Apesar de inúmeros pais pretendentes, a adoção no Brasil ainda é um processo doloroso para aqueles que esperam serem escolhidos por uma família. Confira:

Principais desafios da adoção no Brasil:

  • Predileção por características específicas: 

Uma das etapas do processo de adoção é traçar o perfil da criança ou adolescente que os pais estão em busca. Estas decisões passam por idade máxima, sexo, cor/raça, existência de irmãos e deficiências.
Segundo estudo realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, crianças com irmãos, deficiências cognitivas, mais velhas que 10 anos e negras são menos preferidas. No programa de preparação para a adoção, previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os pais são incentivados a selecionar e estarem abertos a características que têm pouca procura. Mas, ainda assim, a aceitação é baixa, o que faz com que o tempo de procura seja maior – dos pais e da criança.
 

  • Tempo de espera

A vinculação entre pretendentes e crianças disponíveis para a adoção é feita manualmente pelas varas de infância, que têm de bater o perfil da criança com critérios estabelecidos pelos pretendentes à adoção. Juízes da infância ouvidos pelo ‘Estado’ contam que os entraves vão desde a alta exigência de pretendentes – a maioria só aceita crianças pequenas, brancas e sem irmãos – até a falta de pessoal para coletar e atualizar dados. 
O novo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento foi idealizado para agilizar esse processo, concentrando todas as informações desde a entrada das crianças/adolescentes nos serviços de acolhimento até sua efetiva saída. Ainda assim, as etapas da adoção podem ter tempo variável a depender de cada caso.
 

  • Burocracia

Mais um dos entraves nesse cenário é a burocracia. As mães que querem adotar as crianças e adolescentes encaram um processo árduo e cansativo. Em uma Vara de Infância, o candidato tem que estar munido de documentos importantes e de identificação, formalizar um pedido com comprovante de residência, entre outros requisitos.
Além disso, precisam ter uma situação financeira que garanta uma estrutura com o mínimo de conforto para o desenvolvimento saudável dessa criança; certidão de antecedentes criminais; curso de formação, que é oferecido no decorrer do processo, além de ter que participar dos encontros e fazer a habilitação.
 

Faça a diferença e seja uma rede de apoio para uma mãe adotiva

O processo de adoção é complexo e exige muito das mães que escolhem passar por ele. Nesse caso, é importante criar uma rede de apoio para que essas mulheres se sintam acolhidas e incentivadas. Aqui separamos algumas dicas que podem ajudar no acolhimento dessas mães, fazendo com que elas se sintam pertencentes:

  • Preste atenção no que você diz e como diz: sabemos que algumas falas não têm a intenção de magoar ou ferir alguém, mas muitas delas acabam sendo inconvenientes e, algumas vezes, até mesmo preconceituosas. Evite dizer coisas como:

“É seu filho mesmo”
“A gestação é a parte mais linda””
“Qual problema te impediu de engravidar?”
“Você conhece a mãe ‘verdadeira’ dele?”
Essas frases, por mais inocentes e curiosas que possam ser, acabam magoando as mães adotivas. Antes de dizer algo, reflita se isso tem um cunho preconceituoso e ofensivo. Pergunte-se: “eu me sentiria confortável respondendo essa pergunta?”. Se a resposta for não: evite.

  • Acolha: o processo, as burocracias, o medo e a insegurança são fatores que podem desestabilizar as mães. Mostre-se disponível para conversar e acolher.
  • Entenda que maternidade vai além da gestação: menosprezar uma criança adotada porque ela não “nasceu” daquela mãe é algo preconceituoso. Uma mãe adotiva ou de coração, não é menos mãe por adotar, não é menos mãe por não ter tido uma gestação. Ela é mãe como todas as outras.

Para mais informações sobre adoção, acesse o site oficial do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA): https://www.cnj.jus.br/sna/.