Infecções Sexualmente Transmissíveis: guia básico para prevenção
As infecções sexualmente transmissíveis (IST), popularmente conhecidas também como DST’s, são infecções causadas por vírus, bactérias ou outros micróbios que se transmitem, principalmente, através das relações sexuais sem o uso de preservativo, envolvendo uma pessoa que esteja infectada. A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.
Ainda existem muitos tabus a serem combatidos ao redor das IST’s. Isso por conta da desinformação ao redor do tema, o que pode levar ao aumento dos casos de infecção e preconceito com pessoas infectadas. Além disso, é preciso fazer um recorte de classe e gênero para entender como a doença se manifesta diferentemente entre esses grupos. Para evitar que isso aconteça, nós elaboramos um guia completo para você entender o que são as IST’s, como prevenir e quais os tratamentos disponíveis.
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Como se dá a infecção por uma IST?
As infecções sexualmente transmissíveis se dão através do contato sexual com uma pessoa infectada. Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. Além disso, a transmissão de uma IST também pode ser genética, passando da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. De maneira menos comum, as IST’s também podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas.
A infecção pode ainda ocorrer por compartilhamento de seringas e outros objetos cortantes, como alicates, ou por transfusão de sangue.
Em entrevista para a BBC News Brasil, o professor de Infectologia da Unesp, Alexandre Naime Barbosa, afirma que existe uma preocupação com a forma que a nova geração encara as IST’s. A noção de que a Aids, por exemplo, se tornou uma doença crônica e tratável fez a adesão à camisinha diminuir muito, segundo ele. Por isso, é preciso estar atento às formas de prevenção.
Como prevenir?
Prevenir é a melhor forma de combater as infecções sexualmente transmissíveis. É uma forma mais saudável, rentável e fácil de se cuidar e cuidar dos outros, além de interromper a cadeia de transmissão. Para isso, é preciso apostar em métodos de prevenção e estar atento a eles. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a camisinha ainda é um dos métodos mais efetivos para prevenir as infecções. Mas, é importante lembrar: seu uso é válido tanto para homens, quanto para mulheres.
- Use camisinha: a camisinha é o principal dispositivo de proteção contra diversas DSTs, como Aids, sífilis e alguns tipos de hepatite, e deve ser usada em todas as relações sexuais (oral, anal e vaginal), sendo masculina ou feminina. O ideal é usá-la com gel lubrificante, para diminuir o atrito e o risco de rompimento. No caso do sexo oral, o uso é essencial, pois há risco de transmissão de HPV, hepatites B e C, clamídia, gonorreia e HIV. Guarde a camisinha sempre em local sem atritos, objetos que possam perfurá-la e ao abrigo do calor e fique atento à data de validade. Importante lembrar que as unidades de saúde do SUS disponibilizam unidades gratuitamente.
- Cuide de sua higiene pessoal: exija equipamentos descartáveis ou esterilizados em consultórios médicos, odontológicos e de acupuntura. Essa regra também vale para barbearias, salões de manicure, estúdios de tatuagem e estética. Não compartilhe lâminas de barbear ou escovas de dentes.
- Evite o uso de drogas injetáveis: o compartilhamento de seringas pode levar à infecção, além dos danos à saúde que o uso de substâncias químicas pode causar.
- Mantenha seus exames em dia: algumas IST’s podem não apresentar sintomas, tanto no homem quanto na mulher. Por isso é muito importante manter exames ginecológicos periodicamente, pois nos casos assintomáticos é a única forma de descobrir a doença e tratá-la. Essas infecções, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves, como infertilidades, câncer e até mesmo a morte. Cuide-se e cuide dos outros.
- Vacine-se: o SUS disponibiliza, gratuitamente, vacinas contra HPV e Hepatite B. Mantenha a sua carteirinha em dia e proteja-se.
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Quais são as principais doenças sexualmente transmissíveis?
Confira abaixo as principais doenças sexualmente transmissíveis, de acordo com texto divulgado pelo Governo Federal:
Aids
Primeiramente, vamos estabelecer a diferença entre AIDS e HIV.
HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da AIDS, que ataca células específicas do sistema imunológico, responsáveis por defender o organismo contra doenças. Ao contrário de outros vírus, como o da gripe, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Ter HIV não significa que a pessoa desenvolverá AIDS; porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda sua vida. Não existe vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas há tratamento.
Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é a doença causada pelo HIV, que ataca células específicas do sistema imunológico, responsáveis por defender o organismo de doenças. Em um estágio avançado da infecção pelo HIV, a pessoa pode apresentar diversos sinais e sintomas, além de infecções oportunistas (pneumonias atípicas, infecções fúngicas e parasitárias) e alguns tipos de câncer. Sem o tratamento antirretroviral, o HIV usa essas células do sistema imunológico para replicar outros vírus e as destroem, tornando o organismo incapaz de lutar contra outras infecções e doenças.
Cerca de 866 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e, a cada ano, são registrados cerca de 40 mil novos casos de HIV, principalmente entre os jovens. Muitas pessoas ainda desconhecem o seu status sorológico; por isso, é necessário que todos os indivíduos com vida sexual ativa façam a testagem regular para o HIV.
Fonte: http://www.aids.gov.br/
Cancro Mole
O cancro mole pode ser chamado de cancro venéreo, mas o seu nome mais popular é “cavalo”. Provocado pela bactéria Haemophilus ducreyi, é mais frequente nas regiões tropicais, como o Brasil.
Os primeiros sintomas costumam aparecer cerca de 15 dias depois da infecção, sendo eles: dor de cabeça, febre e fraqueza. Depois, surgem pequenas feridas com pus nos órgãos genitais, que aumentam progressivamente de tamanho e profundidade.
Após duas semanas do início da doença, pode aparecer um caroço doloroso e avermelhado na virilha, que pode dificultar os movimentos da perna. Esse caroço pode drenar uma secreção purulenta esverdeada ou misturada com sangue.
Nos homens, as feridas aparecem na cabeça do pênis (glande). Na mulher, ficam na vagina e/ou no ânus. Nem sempre, a ferida é visível, mas provoca dor na relação sexual e ao evacuar.
Clamídia e Gonorreia
Clamídia e gonorreia são infecções causadas por bactérias que podem atingir os órgãos genitais masculinos e femininos. A clamídia é muito comum entre os adolescentes e adultos jovens, podendo causar graves problemas à saúde. A gonorreia pode infectar o pênis, o colo do útero, o reto (canal anal), a garganta e os olhos. Quando não tratadas, essas doenças podem causar infertilidade (dificuldade para ter filhos), dor durante as relações sexuais, gravidez nas trompas, entre outros danos à saúde.
Nas mulheres, pode haver dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), aumento de corrimento, sangramento fora da época da menstruação, dor ou sangramento durante a relação sexual. Entretanto, é muito comum estar doente e não ter sintoma algum. Por isso, é recomendável procurar um serviço de saúde periodicamente, em especial se houve sexo sem camisinha. Nos homens, normalmente há uma sensação de ardor e esquentamento ao urinar, podendo causar corrimento ou pus, além de dor nos testículos. É possível que não haja sintomas e o homem transmita a doença sem saber. Para evitar, é necessário o uso da camisinha em todas as relações sexuais.
Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
A doença inflamatória pélvica (DIP) pode ser causada por várias bactérias que atingem os órgãos sexuais internos da mulher, como útero, trompas e ovários, causando inflamações.
Essa infecção pode ocorrer por meio de contato com as bactérias após a relação sexual desprotegida. A maioria dos casos ocorre em mulheres que têm outra IST, principalmente gonorreia e clamídia não tratadas. Entretanto, também pode ocorrer após algum procedimento médico local (inserção de DIU – Dispositivo Intra-Uterino, biópsia na parte interna do útero, curetagem).
Donovanose
É uma infecção causada pela bactéria Klebsiella granulomatis, que afeta a pele e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus. Causa úlceras e destrói a pele infectada. É mais frequente em pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e higiênica.
Hepatites virais
Grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, a hepatite é a inflamação do fígado. Pode ser causada por vírus, uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. São doenças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas, mas quando aparecem podem ser cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
São subcategorizadas por: Hepatite A, B, C, D e E. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C.
Herpes
É uma doença causada por um vírus que, apesar de não ter cura, tem tratamento. Seus sintomas são geralmente pequenas bolhas agrupadas que se rompem e se transformam em feridas. Depois que a pessoa teve contato com o vírus, os sintomas podem reaparecer dependendo de fatores como estresse, cansaço, esforço exagerado, febre, exposição ao sol, traumatismo, uso prolongado de antibióticos e menstruação. Em homens e mulheres, os sintomas geralmente aparecem na região genital (pênis, ânus, vagina, colo do útero).
Sífilis
É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode se manifestar em três estágios, e os maiores sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença.
Todas as pessoas sexualmente ativas devem realizar o teste para diagnosticar a sífilis, principalmente as gestantes, pois a sífilis congênita pode causar aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer.
Fonte: Grupo de incentivo à Vida (http://giv.org.br/ist)
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Tratamentos
Cada IST tem um tratamento específico, dependendo muitas vezes do tipo de infecção que se trata. As ISTs podem ser causadas por bactérias, fungos ou vírus, e muitas delas não apresentam sintomas. Com isso, é fundamental realizar exames de rotina, além de usar o preservativo para barrar a contaminação.
Entre as gestantes, o não tratamento de ISTs pode gerar abortos espontâneos, natimortos, baixo peso ao nascer, infecção congênita e perinatal. Por isso é importante reforçar que a prevenção é a melhor e mais eficaz forma de cuidado.
Para saber qual é o procedimento indicado no caso de qualquer doença, é preciso que ela seja identificada por um médico. O diagnóstico precoce pode ser muito útil para o processo de tratamento, sendo recomendado consultar um especialista assim que aparecer qualquer sintoma, além de realizar os exames de rotina.